sexta-feira, 21 de junho de 2013

Sob domínio do mal - texto de 2010
O que está acontecendo no Brasil é o domínio da vontade por duas forças vindas em trajetórias opostas. Uma vem de baixo: sindicatos, ongs, movimento dos sem terra etc etc e outra que vem de cima: corporações estatais, funcionalismo público de alto nível, sistema financeiro. Dilma é acima de tudo candidata dos bancos. Esqueçam a balela de mãe do PAC.
Assim fica muito fácil distribuir as esmolas do Bolsa Miséria e perpetuar o cabresto lulista. Pão, circo e pouca instrução fazem a receita do estado petista.
Outro detalhe. Ela é um objeto inanimado, cujo proprietário dos direitos de imagem se chama Luis Inácio Lula da Silva. Um poste de Lula. Poderia ser uma luminária ou uma cadeira, não faria a menor diferença. A besta do ABC se absolutizou frente a um rebanho pago, comprado ou cooptado. Estão todos no mesmo barco, com excessão da classe média solapada por impostos nórdicos cuja retribuição são serviços etíopes.
O objeto inanimado tomará vida após as eleições e aí sim veremos de quem realmente se trata este personagem. Talvez a criatura se volte contra o criador e então estaremos num impasse. Quem conhece Dilma na intimidade sabe a finesse do trato "democrático" desta lady in red. Luis Ignorácio irá assumir a responsabilidade pela abertura do saco de maldades que Dilma fatalmente terá que utilizar? Aperto fiscal, suspensão das contratações no serviço público, ciclo de crescimento mundial terminado. (A dose mais amarga do receituário ainda não veio)
Poderemos assistir a um embate entre cíclopes vorazes: PMDB querendo metade da máquina, presidencia das duas casas do congresso, o PT exigindo controle nas mesmas proporções, Dilma e Lula separados pelas circunstâncias. Não haverá espaço suficiente.
Muito provavelmente ele irá se livrar de mais uma pedra no sapato: lembremos de Genoíno, Gushiken, Dirceu, Celso Daniel e quem mais seja necessário.
Para o bem ou para o mal José Serra e Marina Silva são velhos conhecidos da política brasileira. Dilma é uma invenção de laboratório da choldra petista.
É uma operadora "aparelho" petista. A guerrilha deixou lembranças e raízes profundas nas mentes deste aparelho.
A oposição é um detalhe incômodo. Muitos ganham vantagens imediatas com o estado de coisas atual. Começando pelo sertanejo reproduzindo filhos para receber mais "bolsas" até o investidor remunerado com juros estratosféricos. Qualquer discurso em contrário representa interesses escusos de uma elite branca e predatória que foi beneficiada historicamente antes da revolução petista...
Nunca antes neste país houve um domínio da nomenclatura, do linguajar e do vernáculo político como na era petista. Os formadores de opinião, inclusive, falam nesta lingua que mistura conceitos de esquerda com mistificações populistas. Universitários, intelectuais, servidores públicos, profissionais liberais. Os jornalistas, em especial, são responsáveis por esta lavagem cerebral perpetrada durante várias décadas: quando comecei a trabalhar em um redação era muito raro, ouçam, muito raro, conhecer um profissional que não fosse petista ou simpatizante do partido. Para ocultar a lavagem em curso, os próprios jornalistas não cansavam de dizer que "os donos da mídia eram contra o PT".
Com a manutenção do PT e seus asseclas no poder estaremos consolidando uma "estatocracia" dirigida por dois partidos fisiológicos e um exército de desinformação espalhado por todos os níveis da máquina governamental e por todos os aparelhos de manipulação da sociedade civil.
2012 chegou antes em Pindorama. Nossa única esperança será uma fissura " por dentro" no corpo do monstro que se agiganta.
Vocês já devem perceber quem está no meio das duas forças que citei no início do texto.
Consciência amigos
Mente em estado de alerta.



segunda-feira, 5 de março de 2012

A Cidade do Ouro Esquecido

O município de Paracatu está situado a pouco mais de 200 km de Brasília . É uma cidade mineira que fez parte do Ciclo do Ouro, ainda no século XVIII, mas pouca gente sabe disso. É um cidade que ainda hoje produz ouro, mas quase ninguém toma conhecimento. Pior para os que nao conhecem. A jazida, explorada por um grupo britânico, vai durar mais 50 anos. E se lá existe ouro, algo brilha.
Passei o final de semana por lá. Meu querido amigo Marcos e sua esposa Ester me receberam numa pequena cápsula do tempo. Uma casa, ao lado do grupo escolar e em frente a Igreja do Rosário, cuja escritura remonta ao ano de 1918. A casa em si, nasceu muito antes disso. Ela é uma prova de que o sentimento permeia tudo aquilo que tocamos. E caso não haja sentimento, nada tocamos. Ele pegou um cantinho em ruínas e ergueu o espaço no qual vai desfrutar os melhores anos de sua vida.
Meu filho deslizou pelo chão de cimento queimado e sentiu que estava em um lugar especial. A crianças sabem, apenas isso.
De noite, minha mulher e meu filho permaneceram na pousada, um casarão de 300 anos que também vale nota, e eu segui para um drink.
Sentados na sala em uma típica mesa de boteco, submergimos na noite clara e nos enchemos de memórias como quem sorve um líquido inebriante. Foi quando a alma boêmia e poética de Marcos se ergueu da cadeira e partiu em direção aos janelões da casinha. Olhando para a rua, ele recordou a frase de Vinícius enviada para Tom Jobim diretamente de Paris: ...Tonzinho, estou aqui na frente de uma janela e diante de toda a solidão do mundo.
Eu e Marcos estávamos debruçados naqueles janelões sentindo, ao menos por um instante, que a solidão havia nos deixado a sós com nossa amizade.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Silicone, prédios e enchentes

Vivemos dentro de uma bolha ou somos os "bolhas". Ambas opções são corretas, certamente. Primeiro foi o silicone que estourou. Quando você vê escrito “Made in France” em algum produto pensa logo que é coisa fina. Pois a fábrica desta bagaceira parecia um barracão de qualquer periferia brasileira. Um velho colunista social chamado Ibrahim Sued e pai de tudo isso que depois virou pura futilidade diria: “Sorry periferia”. Vamos em frente.
O silicone é uma metáfora quase perfeita destes tempos vividos. É artificial, de aparência gelatinosa e preenche algum vazio interior, literalmente falando ou não. Pois ele estourou nos peitos que se pretendiam melhores e frustrou as frustrações que já eram grandes. O que estava durinho, caiu. E não foi pela lei da gravidade.
Prédios caem. Cada um tem o 11 de setembro que merece. E este fomos nós que produzimos. O Brasil sempre gera notícia pelo que deixou de fazer.
As águas de março sempre caem em janeiro. E assim os barrancos derretem. E os barracos se vão. E as pessoas choram. Lágrimas também caem.
Que o sol nasça e venha um outro dia! Nossa esperança deve nos preceder. Esta é a boa notícia que trago. 2012, meu chapa, estamos aí para o que der e vier.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Nostálgico futuro

Calça Larga também é poesia. E hoje eu sinto falta de vocês todos, meus amigos. Grande abraço. Muitas saudades.

Existem dias cinzas
E as cinzas de um dia qualquer
Como se os amigos tivessem ido
E os filhos já fossem grandes
Existem dias que desejo apenas
Um colo de mãe
Ou um abraço de pai
Dias em que a cólera do oceano
E a fúria de um céu cor de chumbo
Me levam para dentro de casa
Ou para dentro de mim mesmo
Existem dias que eu sinto saudade
De um tempo que ainda não veio
E antecipo as lágrimas
Desse dia que vai chegar

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Toquinhos, Vinícius e o fim de uma era

Comprei por estes dias o DVD "Toquinho no Mundo da Criança". Foi um presente para meu filho que ainda não completou três anos. Assim vou curtindo os últimos momentos de sua infância inocente ainda sem a brutalidade dos games. Neste quadrande da história, todo pai realista sabe que algum monstrão do Transformers vai capturar sua cria e levá-la para o mundo paralelo.
Sobre o DVD de Toquinho surgem sensações antigas. A forte carga emocional que canções como "Aquarela" e "O Caderno" trazem para quase quarentões como eu, fala um pouco sobre o que era ser criança nos fim dos anos 1970 e início dos 1980. Eram aqueles os últimos suspiros de uma época. E nem adianta brigar com o destino. Ele veio e nós assinamos, como bem disse o poeta Leminsky.
Toquinho ainda vive, mas seu tempo desapareceu. Vinícius se foi antes de assistir ao fim de Dona Suavidade e sua irmã Delicadeza.
E hoje, Toquinho é nome de lutador do MMA....

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Mulheres, músculos e inversão de papéis

Você gosta de mulher bombada? Ou musculosa demais? Vai aí uma dica.
As mulheres se diferenciam/diferenciavam pela delicadeza, feminilidade, doçura.
O poder das mulheres habitava um campo desconhecido e misterioso para os homens.
O poder sem espada, revólver ou musculatura avantajada. O poder que submete usando a força do outro.
O que assistimos hoje é uma regressão tosca que leva as mulheres sob o signo de uma nova estética a buscarem na academia o lar perdido, transformando o que o era sutil em grosseira imitação de primatas inferiores, nós homens. Elas tem orgulho em exibir corpos de amazona e modos de caminhoneiro. Outros cavaleiros ainda maiores que elas dão apoio e acham bonito.
Estes que gostam muito de mulher musculosa, cuidado.
Qualquer dia nasce um pinto no meio das pernas dela.

Refundação

A postagem inaugural do “Calça” nos remete a 2007. As bases daquele documento/ manifesto/ crônica de bar continuam as mesmas. Felizmente , o próprio programa televisivo que inspirou o nascimento deste blog mudou de ares. Hoje, o “Saia Justa” do GNT mistura bananas e pererecas no estúdio. O negócio ficou mais legal por lá, sem dúvida. Não conheço pessoalmente, mas considero Xico Sá um grande cara. Nem chamo ele de jornalista porque isto poderia diminuir sua estatura. Ele é um cronista livre de um cotidiano amalucado, deste MMA erótico /sentimental que travam machos e fêmeas na pós-modernidade. Parceiros amorosos foram substituídos por “guerreiros” e “guerreiras”. Eles estão literalmente “se pegando”
A Saia Justa é o veículo do "mainstream”, do "status quo", da civilidade maquiada que tanto necessita nossos meios de comunicação . Cumpre bem este papel . Já o “Calça Larga” é a mídia lado B que não pretende nem agradar, nem esconder, nem atrair patrocinadores. Somente a internet permitiria esta manifestação livre e desinteressada. A refundação não refunda coisa nenhuma. Apenas repisa um solo tocado por nossos ancestrais e que agora é pisoteado pelos orangotangos digitais que somos nós. Nossa tese é a seguinte: continuamos os mesmos. E citando Nélson Rodrigues, lembro de uma frase que dizia mais ou menos assim: somos humanos depois dos instintos e às vezes contra os instintos. Nosso processo de diferenciação enquanto raça realmente humana ainda vai tomar alguns milênios. E isto não vai ser nem os estudos do cérebro e nem a tecnologia que vai nos proporcionar. Matem esta charada. Tem muito idiota por aí achando que vão encontrar vícios e virtudes em pedaços de miolos da nossa cabeça. Tem muito imbecil achando que tecnologia é o fim da busca pelo Santo Graal.
Enquanto isso macacada, continuemos manejando nossos cachos de banana.